Pacientes devem ter cuidado ao usar medicamentos simultaneamente, alerta estudo da UnB
Depressão e mal de Alzheimer são duas doenças que acometem mais os idosos, mas pouca gente sabe que o sucesso do tratamento de uma pode ser o fracasso da outra. Isso porque os remédios para depressão (sertralina, fluoxetina, paroxetina) têm levado à piora da perda de memória. Do outro lado, os medicamentos para a memória (rivastignina, doenpizil, galantamina) têm agravado os quadros de depressão.
Esta interação medicamentosa vem sendo investigada pela professora de Farmacologia Clínica e Hospitalar da Universidade de Brasília (UnB) Patrícia Medeiros, no Centro de Medicina do Idoso do Hospital Universitário de Brasília (HUB). "Nesses casos é preciso avaliar qual dos dois quadros (depressão ou mal de Alzheimer) está pior, para atuar apenas em uma frente. É a prescrição racional", diz Patrícia. Para o estudo foram avaliados 120 pacientes. Os efeitos indesejáveis foram amenizados após mudanças na prescrição.
Além da interação, as reações adversas dos remédios para a Doença de Alzheimer isoladamente são náuseas e vômitos. Por isso, é indicado que se tome o medicamento com o alimento, mesmo que a comida diminua a absorção. Já as drogas para depressão têm como efeito negativo a prisão de ventre, boca seca, aceleração dos batimentos cardíacos, insônia, retenção de urina e aumento da pressão intraocular.
Especialidades - Como os idosos já sofrem com essas interações, a situação se agrava quando são adicionados outros remédios à rotina, chegando às vezes a um total de 10 pílulas simultaneamente, recomendadas por outros especialistas. Para verificar os perigos do uso conjunto, é necessário a intervenção de um farmacólogo. Ou, ainda, a participação de vários profissionais de Saúde, para saber o que cada especialidade recomendou ao paciente. "Nisso o Centro de Medicina do Idoso leva vantagem, pois a equipe é multidisciplinar", afirma Patrícia.
Durante atendimentos a idosos em diversos hospitais, bem como ao observar a venda de remédios em farmácias, a estudiosa notou a utilização de altas doses de vitamina E, um antioxidante que pode ajudar a combater o envelhecimento, bastante consumido na terceira idade. E, ao consultar artigos científicos, verificou que, acima de 400 unidades internacionais, esse suprimento pode levar até à morte. "Por isso, nós aconselhamos que os pacientes consumam a vitamina E apenas por meio dos alimentos", recomenda.
Também preocupou a farmacóloga o fato de alguns pacientes tomarem os remédios junto com medicamentos para náuseas (Diminidrinato), para resfriado e descongestionantes nasais. Administrados com aqueles para a memória, esses fármacos diminuem a ação de ambos. E se forem tomados com remédios para tratamento da depressão, os efeitos indesejáveis se somarão.
Outras observações da pesquisadora:
- Embora nenhum medicamento consiga curar o Alzheimer, esses remédios têm o intuito de interromper a evolução da perda da memória;
- Os antidepressivos de terceira e segunda geração, considerados mais modernos, apesar de muito mais caros, não registram diferença na eficácia em relação aos de primeira geração;
- Os pacientes que tomam fluoxetina devem aguardar cinco semanas sem tomar o remédio para poder mudar de medicação. Caso contrário, poderá sofrer a síndrome serotoninérgica (aumento da contração muscular e, conseqüentemente, aumento da temperatura corporal - pode chegar a 42ºC);
Os remédios para memória não devem ser tomados com metoclopramida (Plasil ®), pois diminuem o efeito daquele para Doença de Alzheimer. Eles diminuem os batimentos cardíacos e podem causar dicinesia (movimentos descordenados) quando administrados sem prescrição médica.
O Mal de Alzheimer é uma doença degenerativa do cérebro que se manifesta principalmente entre a população idosa. Os primeiros sintomas se caracterizam por leve perda de memória. Depois, o paciente passa por fases de desorientação e dificuldade para tomar decisões ou mesmo para conversar. Os sintomas tendem a se agravar com o passar do tempo.
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Resultados da pesquisa
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