Terapia CranioSacral
John E. Upledger, DO, OMM
Tradução: Márcio Ferreira de Moraes
Fonte: Upledger JE. CranioSacral Therapy. Seminars in Integrative Medicine 2:159-166, 2004.
A Terapia CranioSacral (TCS) é um método manual, sutil, de avaliação e tratamento global do corpo, que pode ter um impacto positivo sobre vários sistemas corporais. Empregada isoladamente, ou em combinação com outros métodos de tratamento da saúde mais tradicionais, a TCS tem comprovado ser clinicamente eficaz em facilitar a capacidade de cura do corpo, e frequentemente produz resultados extraordinários.
A TCS ajuda a normalizar o ambiente do sistema craniossacral, um sistema corporal fisiológico essencial que apenas recentemente foi cientificamente definido. O sistema craniossacral se estende desde o cranio, face e boca, inferiormente até o sacro e cóccix. É constituído por um compartimento formado pela membrana dura-máter, dentro do qual está contido o líquido cerebroespinhal, por um sistema que regula o fluxo do líquido, pelos ossos aos quais as membranas estão inseridos, e pelas articulações e suturas que interligam estes ossos.
Devido ao seu conteúdo – o cérebro, medula espinhal e todas as estruturas relacionadas – restrições ou desequilíbrios no sistema craniossacral podem afetar diretamente quaisquer, ou até mesmo todos, aspectos do desempenho do sistema nervoso central. Felizmente, estes problemas podem ser detectados e corrigidos por um terapeuta capacitado, utilizando métodos simples de palpação.
Geralmente utilizando cerca de 5 g de pressão, aproximadamente o peso de uma moeda de cinco centavos americana, o praticante de TCS avalia o sistema testando a liberdade de movimento e o ritmo em que o líquido cerebroespinhal pulsa, no interior das membranas. Técnicas específicas de tratamento são utilizadas para liberar as restrições nas suturas, fáscia, membranas, e qualquer outro tecido que possa influenciar o sistema craniossacral. O resultado é uma melhora do ambiente interno que permite ao sistema nervoso central retornar aos seus níveis ótimos de saúde e desempenho.
Os fundamentos científicos da Terapia CranioSacral
Basicamente, o sistema craniossacral funciona como um sistema hidráulico semifechado que banha o cérebro, medula espinhal e as células que os compõem, no líquido cerebroespinhal, o qual é bombeado ritmicamente a uma freqüência de 6 a 12 ciclos por minuto. Para acomodar estas alterações de pressão os ossos do cranio e sacro precisam permanecer móveis durante toda a vida. As articulações e suas suturas não se ossificam completamente durante a vida, como se acreditava anteriormente. Esta premissa foi apresentada por William Sutherland, DO, na década de 1930.
Em meados dos anos setenta fui convidado pela Michigan State University (MSU) para descobrir uma base científica para as afirmações de Sutherland. De 1975 a 1983 fui professor de biomecânica no College of Osteopathic Medicine (Faculdade de Medicina Osteopática) da MSU, onde coordenei uma equipe de anatomistas, fisiologistas, biofísicos e bioengenheiros, para testar e documentar a influência do sistema craniossacral sobre o corpo. Juntos, realizamos pesquisas – muitas delas publicadas – que formaram a base para a modalidade que eu passei a desenvolver e chamei de Terapia CranioSacral.
Nós descobrimos que, à medida que a pressão e o volume do líquido cerebroespinhal aumentam e diminuem, no interior do sistema craniossacral, ocorrem mudanças correspondentes na tensão da membrana dura-máter. Estas alterações, por sua vez, induzem movimentos de acomodação nos ossos anexos ao compartimento dural. Portanto, quando a mobilidade natural da dura-máter, ou qualquer dos ossos anexos a ela é comprometida, a função do sistema craniossacral – e do sistema nervoso central por ele envolvido – também pode ser comprometida.
Pesquisas que sustentam a existência e o significado do sistema craniossacral
Estudando espécimes de ossos retirados de pacientes vivos, em cirurgia, com idade entre 7 e 57 anos, nossa equipa da MSU foi capaz de demonstrar definitivamente o potencial para o movimento que há nas suturas cranianas. A partir daí, vários outros estudos, estabeleceram os fundamentos para o desenvolvimento de um modelo que explicasse o mecanismo do sistema craniossacral.
Um fator importante que contribuiu para nossas pesquisas foi a descoberta de algo que parecia ser um tecido fascial preso à borda livre da foice do cérebro, encontrado em algumas dissecações de cranio. Eu realizei estas dissecações tanto em cadáveres embalsamados quanto em outros não embalsamados. Ao microscópio, estes tecidos pareciam ser tratos nervosos, que saíam da foice do cérebro, com tecido cerebral fixado à sua terminação livre.
Pesquisas posteriores indicaram que realmente eram elementos de um sistema de transmissão de impulsos/mensagens entre os, agora identificados, receptores nervosos intra-suturais, e as paredes dos ventrículos cerebrais, nas quais estão localizados os plexos coróides. Esta pesquisa forneceu a base para o que nossa equipe denominou de Modelo Pressostático, o qual explica a função do sistema craniossacral como um sistema hidráulico semifechado. Nossos achados confirmaram outros publicados na revista Anatomica Humanica, pelo professor italiano Guiseppi Sperino, que percebeu que as suturas cranianas só se fundem, antes da morte, em circunstâncias patológicas.
Como ponto de partida para a aplicação clínica da terapia sobre o sistema craniossacral, meus colegas e eu passamos a realizar um estudo de confiabilidade interobservador. Vinte e cinco crianças de uma creche foram examinadas por dois, de quatro examinadores, em relação a 19 parâmetros. O percentual de concordância variou de 72 a 92%, dependendo dos examinadores, e o coeficiente de variação aceito foi de 0 a 0,5%.
Posterioremente eu utilizei este mesmo protocolo de avaliação, composto de 19 parâmetros, para examinar mais 203 crianças em idade escolar. Um técnico registrou os dados, relatados oralmente, e os repassou a um estatístico, que coletou informações do arquivo escolar de cada criança, bem como dados de suas histórias, a partir de entrevistas com os pais. Esta informação foi comparada com os achados do exame do sistema craniossacral.
Os resultados deste estudo mostraram que o exame padronizado, quantificável, do movimento do sistema craniossacral representa uma abordagem prática para o estudo das relações entre as disfunções do sistema craniossacral e uma variedade de problemas de saúde, comportamento e desempenho. Outros pesquisadores realizaram estudos similares relacionados a desordens psiquiátricas e sintomatologia em recém-nascidos.
A Terapia CranioSacral estimula o corpo a se auto-corrigir
A TCS se baseia no conceito de que o corpo de cada paciente contém as informações necessárias para descobrir a causa subjacente de qualquer problema de saúde. O terapeuta simplesmente se comunica com o corpo para obter esta informação e ajuda a facilitar o processo de auto-cura do próprio paciente.
Por causa disto, a sequência de eventos que geralmente ocorre na medicina convencional é invertido em uma sessão de TCS. Em vez de obter uma história verbal do paciente, o terapeuta inicia com a palpação-toque. Se o terapeuta se familiarizar com a história do paciente antecipadamente, poderá encontrar somente aquilo que espera, em vez de sentir as pistas sutis oferecidas pelo corpo do paciente, sua energia e psique. Por esta razão, geralmente é solicitado aos pacientes que escrevam seus históricos médicos e tragam-nos para a clínica, para serem arquivados. O terapeuta pode, então, revisar a história mais tarde, quando ele ou ela se sentirem seguros em relação à sugestionabilidade.
Embora este conselho sobre a tomada da história do paciente seja um dos aspectos mais controversos da Terapia CranioSacral, ele tem sido praticado desta forma, com sucesso, por dezenas de milhares de terapeutas desde que eu comecei a ensinar este conceitos, na MSU, em 1976.
A TCS também diverge da medicina convencional na sua abordagem dos sintomas. Mais do que tentar simplesmente aliviar os sintomas, os praticantes de TCS trabalham para encontrar e resolver a disfunção primária que há por trás do conjunto de sintomas apresentados.
Por exemplo, mais do que ver estrabismo como um diagnóstico a ser corrigido cirurgicamente, o terapeuta busca uma causa no sistema de membranas intracranianas e no sistema de controle motor dos olhos. Neste caso, frequentemente a causa encontrada é um padrão de tensão anormal na tenda do cerebelo. Muitas vezes estes padrões de tensão são oriundos do occipital ou da região lombar e/ou pelve.
Então, o “diagnóstico” CranioSacral seria uma tensão na membrana intracraniana da tenda do cerebelo, causada por disfunções do occipital e/ou região lombar e pélvica, levando a disfunções motoras secundárias dos olhos. Claramente, neste caso o terapeuta deveria se voltar para o sacro, pelve, occipital e, então, a tenda do cerebelo. A avaliação e tratamento corretos seriam verificados por uma “correção espontânea” do estrabismo.
Uma abordagem semelhante é utilizada para quase todos os problemas apresentados, desde uma síndrome de desordem temporomandibular até uma bronquite recorrente ou uma colite espástica. A natureza do problema apresentado pelo paciente geralmente é de importância secundária, a menos que a melhora imediata seja crítica para o paciente, ou caso o paciente não entenda a TCS. Nestes casos, o terapeuta pode tratar das queixas mais urgentes, para que o paciente compreenda o que está acontecendo.
De que forma a Terapia CranioSacral se diferencia da Osteopatia Craniana
Muitas coisas foram sugeridas sobre a comparação da TCS com a osteopatia craniana, que foi desenvolvida pelo Dr. William Sutherland, o “pai da osteopatia craniana”. Embora as descobertas do Dr. Sutherland a respeito da flexibilidade das suturas cranianas tenham nos levado às primeiras pesquisas por trás da TCS – e ambas as abordagens afetem o cranio, sacro e cóccix – as semelhanças terminam por aí.
Atualmente, assim como no início, a osteopatia craniana continua voltada para as suturas do cranio. Porém, a TCS, da forma como eu a desenvolvi na Michigan State University, volta-se para o sistema de membrana da dura-máter como a causa primária das disfunções. Os ossos do crânio estão envolvidos apenas pelo fato de que servem como “alças” para o terapeuta utilizar, para ter acesso ao sistema de membranas, que se insere nestes ossos.
Outra diferença importante entre as duas abordagens está na qualidade do toque. Os praticantes de TCS geralmente avaliam, e frequentemente corrigem, desequilíbrios no sistema utilizando toque leve, que foi cientificamente mensurado como sendo entre 5 e 10 g. Este é o peso de uma moeda de cinco centavos americana sobre a palma de sua mão. A TCS não emprega forças invasivas ou diretas, uma qualidade sutil que frequentemente mascara a eficácia da terapia. A maioria dos pacientes diz que não sentiram nada mais que leves sensações durante uma sessão típica de TCS. Em geral, as manipulações utilizadas na osteopatia craniana são frequentemente mais pesadas e mais diretas.
Realizando a avaliação CranioSacral
Durante uma avaliação inicial da TCS, o terapeuta sente movimentos sutis enquanto procura por alguma restrição que esteja impedindo o livre movimento do sistema craniossacral em diversas regiões do corpo, tecidos, órgãos, assim como a energia do corpo. O corpo todo responde à atividade rítmica do sistema craniossacral, que é avaliada em relação à amplitude, qualidade, freqüência e simetria/assimetria. Avaliações semelhantes são realizadas nos sistemas vascular e respiratório. As respostas corporais, ou a ausência delas, a estas atividades sistêmicas são fatores importantes na investigação da disfunção primária.
Outra parte que integra a avaliação inicial da TCS envolve o sistema miofascial. A fáscia corre como uma rede contínua de tecido através do corpo e se apresenta com bastante mobilidade, sob condições normais. Uma tração suave aplicada sobre a fáscia em de terminadas direções, a partir de diversas posições, ajudam a localizar as áreas restritas. Estas áreas de mobilidade restrita são então interpretadas como sendo o local dos problemas atuais, ou também como resíduo de lesões ou problemas anteriores.
Lesões/problemas ativos são diferenciados dos inativos por meio de uma técnica conhecida como “arqueamento”, que eu desenvolvi juntamente com o biofísico Zvi Karni, na Michigan State University. Através do uso de monitoramento mecanoelétrico, descobrimos que a energia, tanto dentro como de fora do corpo, é palpável para terapeutas capacitados. O arqueamento requer que o terapeuta sinta as ondas energéticas de interferência, produzidas pela lesão/problema ativo, que tendem a se sobrepor ao movimento fisiológico normal, sutil, do corpo, órgãos, tecidos e energias. Os terapeutas, então, seguem estas ondas até sua fonte sentindo, através das mãos, os arcos que elas formam.
A fonte das ondas é considerada o núcleo do problema ou lesão subjacente, e que pode neste momento estar bem distante do local dos sintomas do paciente. Geralmente, o problema/lesão ativo está em ruptura tanto com as atividades fisiológicas mais amplas, como com os padrões e funções energéticos mais sutis, tais como os meridianos de acupuntura.
Assim que locais de disfunção e ruptura são descobertos, o terapeuta pode tentar restaurar a mobilidade dos tecidos envolvidos e os aspectos energéticos. Na maioria das vezes estas tentativas serão bem-sucedidas, parcial ou completamente. Em ambos os casos, o resultado é frequentemente o aparecimento de um problema mais profundo, para o qual a lesão agora tratada serviu apenas como uma adaptação. O terapeuta então segue estas pistas, camada por camada, até que o problema primário seja revelado. Isto pode acontecer durante a primeira avaliação ou pode precisar mais de uma consulta para trazer à superfície os problemas subjacentes mais profundos. Na TCS é necessário limpar o corpo todo de qualquer restrição da mobilidade, para alcançar o nível mais alto de função do sistema craniossacral.
A maior parte desta avaliação é executada antes de avaliar o sistema craniossacral em si. Terapeutas capacitados são estimulados a se mover para dentro e para fora dos vários sistemas e regiões corporais, incluindo o sistema craniossacral, conforme seu julgamento e intuição sugerirem. Problemas na periferia do corpo frequentemente se referem à medula espinhal, por meio da conexão com a raiz nervosa. O efeito desta referência sobre os segmentos medulares relacionados incluem um efeito sobre a dura-máter, que é a chave do funcionamento do sistema craniossacral.
Corrigindo o segmento facilitado
A TCS se baseia no conceito que a membrana dura-máter, no canal vertebral (tubo dural), possui uma liberdade para deslizar para cima e para baixo, dentro do canal, em uma amplitude de 0,5 a 2 cm. Este movimento é permitido pela frouxidão das mangas durais e também devido ao seu direcionamento, à forma como elas saem do tubo dural e se fixam ao forame intervertebral da coluna.
Quando a raiz nervosa apresenta um aumento nos níveis de atividade de impulsos em direção à medula espinhal, vindos da periferia (estímulos aferentes), ocorre uma facilitação do segmento medular relacionado. Uma condição de hiperatividade no segmento medular facilitado faz com que sejam enviados impulsos para fora do tubo dural e mangas durais relacionados. Como resultado ocorre um espessamento e perda da mobilidade da porção do tubo dural relacionada ao(s) segmento(s) envolvido(s).
Observações clínicas sugerem que a TCS é eficaz na liberação das restrições do tubo dural para normalizar a atividade nos segmentos medulares facilitados. Para localizar estas áreas de mobilidade restrita o examinador testa a mobilidade do tubo dural e libera as restrições, à medida que vão sendo encontradas, utilizando uma técnica de tração suave. Estas liberações são fundamentais – se uma restrição periférica é liberada, mas a restrição do tubo dural e o segmento medular facilitado não, o problema periférico geralmente irá recidivar.
Uma vez que a região periférica do corpo e o tubo dural foram tratados para suas restrições, o terapeuta pode então se voltar para o cranio e o sacro. Neste momento, o terapeuta também ajuda a corrigir tanto as disfunções primárias como as secundárias dos ossos cranianos, ossos faciais, palato duro e complexo sacrococcígeo. Todas as suturas e articulações relacionadas são mobilizadas de forma muito suave utilizando os ossos como alavancas para acessar as membranas durais, no interior do cranio e do canal vertebral.
Após mobilizar as restrições ósseas o terapeuta então se volta para a correção das restrições anormais da membrana dural, irregularidades na atividade do líquido cerebroespinhal e nas flutuações e padrões disfuncionais de energia, relacionados com o sistema craniossacral. Neste estágio o paciente, frequentemente, passa de uma fase de remoção dos obstáculos para a fase de auto-cura, com o terapeuta simplesmente facilitando o processo. Na essência, o paciente passa da esfera da “luta com a doença” para uma dimensão de melhoria da saúde. É por isto que a TCS é uma excelente modalidade de medicina preventiva – pois se preocupa mais em mobilizar as defesas naturais mais do que enfrentar os agentes etiológicos das doenças.
Ajudando uma mergulhadora olímpica acometida pela vertigem
Mary Ellen Clark era uma atleta de mergulho de plataforma de nível mundial, que venceu várias competições importantes, incluindo uma medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de 1992, em Barcelona, Espanha. Sem descansar de suas conquistas, ela definiu como meta de fazer parte da equipe olímpica de mergulho para as Olimpíadas de 1996 e trazer outra medalha para casa. Ela estava na melhor forma física de sua carreira. Apesar de sua idade – ela estaria com 33 anos em 1996 – especialistas davam a ela excelentes chances de conquistar seu objetivo.
Subitamente, Mary Ellen passou a sentir vertigens, uma condição que encerrou a carreira de vários outros mergulhadores que ela conheceu. A vertigem é um problema devastador para qualquer pessoa, mas ainda mais para um atleta de mergulho. Cada vez que Mary Ellen ficava na borda da plataforma de mergulho, perdia o equilíbrio. Cada vez ela atingia a água ficava confusa e desorientada, fazendo com que, em algumas vezes, nadasse equivocadamente em direção ao fundo da piscina.
Mary Ellen consultou uma legião de médicos e especialistas, e experimentou tanto tratamentos tradicionais como métodos não-convencionais, na tentativa de obter algum alívio. Seu problema parecia não ter solução. Tendo ficado impossibilitada de treinar durante 9 meses, devido aos efeitos devastadores da vertigem, ela já havia desistido do sonho de permanecer na equipe olímpica.
Em setembro de 1995, Mary Ellen veio me consultar no Upledger Institute HealthPlex Clinical Services, em Palm Beach Gardens, na Flórida. Comecei nossa primeira sessão realizando uma avaliação corporal global utilizando minhas mãos para testar a mobilidade dos tecidos e a presença de áreas de restrição ao longo de seu corpo. Rapidamente encontrei alguns “cistos energéticos” – áreas de concentração de energia estranha, rompida ou obstrutiva – que pareciam ser resultantes de golpes traumáticos sobre seu corpo. Mary Ellen frequentemente realizava 50 mergulhos por dia, de uma plataforma de 10 metros de altura, e atingia a água a uma velocidade de cerca de 35 milhas por hora. Eu utilizei técnicas simples da TCS para liberar a energia dos cistos manualmente, sem dificuldade.
Na segunda sessão, a avaliação da TCS apontou para o joelho esquerdo de Mary Ellen. Ela confirmou que teve uma grave torção durante um acidente no trampolim, quando treinava um novo mergulho. Na época ela deu pouca atenção para esta lesão – ela estava determinada a ignorar qualquer presença de dor. Porém, conforme a avaliação avançou, se tornou claro que a lesão do joelho causou uma cadeia de compensação através de sua pelve e região lombar. Sua coluna se torceu para sustentá-la, e por sua vez, fez com que sua cabeça ficasse inadequadamente posicionada sobre seu pescoço.
Conforme eu ajudei Mary Ellen a corrigir este problema, ela começou a melhorar. Continuei a vê-la pelo menos uma vez por mês, para uma combinação de TCS, manipulação do joelho e da coluna, reequilíbrio pélvico e liberação miofascial. 30 dias após sua primeira sessão de tratamento Mary Ellen recuperou seu condicionamento físico. Em 90 dias ela obteve uma completa correção do problema e foi capaz de retornar a um programa integral de treinamento.
O restante, como dizem, é história. Nos jogos Olímpicos de Atlanta, Na Geórgia, em 1996, Mary Ellen Clark ganhou outra medalha de bronze.
Um menino russo encontra esperança e saúde nos Estados Unidos
Onar Bargior nasceu prematuramente em Moscou, Rússia, em 7 de Fevereiro de 1991. Ele sofreu um grave comprometimento da circulação cerebral, hemorragia intracraniana, encefalopatia, e foi diagnosticado com paralisia cerebral infantil, diplegia espástica e hipertensão – síndrome hidrocefálica. Qualquer estimulação produzia espasmos musculares que faziam com que suas pernas ficassem rígidas e em um “padrão em tesoura”, causando também hiperextensão de seu tronco e pescoço. Seus braços se tornaram rígidos, com os punhos cerrados e cruzados à frente do corpo. Com quase nenhuma flexão de quadril, era difícil para ele ficar na posição sentada.
Em Março de 1992 Onar foi considerado incapaz de ficar em pé, ou sentado, sem auxílio. Sua mãe, Maiga, buscou ajuda para seu único filho, mas o tratamento médico na Rússia era limitado e raro. Onar passou muito tempo de sua vida apenas deitado sobre uma cama.
Então, uma agência filantrópica de auxílio médico, situada em Waterville, Ohio – a International Services of Hope (ISOH) – ofereceu ajuda a Onar e Maiga. A ISOH especializou-se em levar crianças do Terceiro Mundo aos Estados Unidos para oferecer gratuitamente tratamentos médicos não disponíveis em seus países. A organização obteve notável sucesso em assegurar cuidados médicos e cirúrgicos para salvar e melhorar a vida de crianças com deficiência física.
Ao ficar sabendo da situação de Onar, a agência levou ele e sua mãe para Nova Iorque, para um tratamento na Divisão de Neurocirurgia Pediátrica do Centro Médico Universitário de Nova Iorque. A equipe clínica avaliou Onar em outubro de 1994. Porém, os médicos concluíram que ele não era um candidato apto para cirurgia, e subsequente reabilitação, devido à sua grave espasticidade e atraso psicomotor. O trauma no nascimento e a paralisia cerebral deixaram seu corpo muito rígido para engatinhar ou andar, e restringiram severamente o uso de sua mão direita.
A esperança da mãe de Onar foi destruída. Conscientes do que este tratamento significava para Onar, a International Services of Hope passou a avaliar a disponibilidade de outros cuidados médicos. Em sua busca, um representante da ISOH consultou um médico de Nova Iorque que havia ouvido falar de um programa de tratamento inovador, disponível no The Upledger Institute HealthPlex Clinical Services, em South Florida. A ISOH contatou o Instituto com o apelo de que era o seu “último recurso”. Caso contrário, Onar e sua mãe teriam que retornar à Rússia, sem receber assistência.
A clínica do The Upledger Institute HealthPlex aceitou Onar em um programa de tratamento intensivo de duas semanas, que iniciou em 13 de Março de 1995. Este programa de tratamento especializado é baseado na aplicação da TCS, complementada por fisioterapia, Manipulação Visceral, acupuntura, massoterapia, ludoterapia, aconselhamento familiar e educação. Os terapeutas de Onar formavam uma equipe multidisciplinar de fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, massoterapeutas, médicos osteopatas e psicólogos.
Um de seus terapeutas lembra-se de ter encontrado, durante a primeira sessão de Onar, severas restrições em seu sistema de membranas durais – a foice do cérebro, foice do cerebelo e tenda do cerebelo, no interior do cranio, e no tubo dural, dentro do canal vertebral. Ela também encontrou uma compressão da sincondrose esfenobasilar, com um desvio para a direita, restrições entre etmóide e frontal, com impactação maxilar bilateral, e restrições na sutura temporoparietal direita, assim como na sutura coronal. Haviam restrições fasciais na região cervical relacionadas ao osso hióide, músculo esternocleidomastoideo, e músculos do triângulo suboccipital. A ‘entrada torácica’ e todo o gradil costal estavam restritos e rígidos. Havia também restrições no diafragma respiratório, com um componente visceral no estômago e restrições do diafragma pélvico, com compressão ao nível da junção vertebral L5-S1. O tratamento foi aplicado em todas estas áreas.
No segundo dia de tratamento Maiga relatou que Onar havia dormido profundamente. Esta foi uma surpresa agradável e inesperada, pois ele normalmente acordava três ou quatro vezes por noite. Ao acordar, pela manhã, ele perguntou quando iria retornar à clínica. Durante o programa, Onar continuou a apresentar extraordinários avanços, diariamente, incluindo aumento do apetite, diminuição da espasticidade, passou a acordar pela manhã sem chorar e obteve um aumento da amplitude de movimento em todas as articulações.
Inicialmente, as equipes de Nova Iorque e Moscou apontaram o atraso psicomotor de Onar acentuado o suficiente para indicar retardo mental. Consequentemente, estávamos esperando uma criança cuja resposta seria lenta, tanto em nível de relacionamento interpessoal como intelectual. E o que encontramos foi exatamente o contrário. Ele nos impressionou desde o início com sua habilidade de comunicação – inicialmente através de sorrisos, risadas e envolvimento emocional. À medida que ele se tornou mais confortável, começou a responder em sua língua nativa, que foi mesclada com uma quantidade cada vez maior de palavras e frases em inglês.
No início do programa de tratamento Onar preferia se movimentar rolando pelo chão. O dia que ele se esforçou para se colocar sobre seus joelhos foi outro marco importante. Ele também começou a procurar brinquedos e desenvolveu as habilidades necessárias para brincar com adesivos, pequenos carros e caminhões.
A intensidade destes programas e a natureza sistêmica da terapia que eles fornecem geralmente resulta em ganhos fisiológicos que permanecem por muitos meses após o final do programa. Como a TCS remove as restrições que impedem a tendência natural do corpo em direção à saúde, o corpo sofre um período de reorganização. Estimulados pelos ganhos tão notáveis de Onar, após apenas um programa de tratamento, nossa equipe decidiu oferecer uma segunda semana de programa de tratamento intensivo, após um período de repouso de duas semanas.
Este segundo programa de tratamento iniciou no dia 10 de Abril de 1995. Para a alegria de todos os que estavam envolvidos, Onar demonstrou que continuava a obter ganhos de movimento fisiológico e diminuição da espasticidade. No segundo dia do programa, quando perguntei a ele “Como você está hoje, Onar?”, ele respondeu, em inglês, “Eu me sinto leve”. No quarto dia do programa ele foi capaz de apoiar totalmente seus pés sobre o chão. Ao final do programa ele estava engatinhando em quatro apoios.
Um dos quatro fisioterapeutas notou que, após a segunda sessão da segunda semana, Onar estava usando sua mão direita para alcançar e pegar objetos com relativa facilidade e eficiência. Com um ajuda de mínima a moderada, ele era capaz de ficar sentado, ajoelhado e apoiado sobre um joelho e um pé. Ele não era capaz de realizar destes movimentos do desenvolvimento motor antes de sua ida aos Estados Unidos. Além disto, sua musculatura contraturada ou espástica obteve um grande relaxamento.
Quando Onar veio à clínica pela primeira vez, todo o seu sistema craniano estava extremamente restrito e comprometido. Ao final do seu segundo programa de tratamento intensivo o seu sistema craniano estava se movendo com muito mais amplitude e harmonia. Isto indicava que o sistema de Onar estava funcionando de forma mais eficiente e fluída, sem muitas restrições no seu sistema nervoso central e à sua volta. Com o tempo, Onar foi capaz de sentar por longos períodos de tempo, engatinhar com movimentos recíprocos, engatinhar com apoio sobre um joelho e um pé com um moderado auxílio, e usar sua mão direita sem solicitação verbal de outra pessoa. Ele também começou a falar de forma mais compreensível e demonstrar de forma mais clara suas emoções e manifestações de amor – características que as crianças mais saudáveis demonstram.
No momento que Onar completou seus programas de tratamento ele também terminou as avaliações e as vacinas necessárias para começar a frequentar a escola. Antes, Maiga era preocupada se Onar poderia não ser inteligente o suficiente para progredir no mundo. Mas as avaliações da escola mostraram que Onar tinha um ótimo raciocínio. Com oportunidade de educação não se sabia dizer do que esta criança seria capaz. Ele já havia contribuído de uma forma profunda para as vidas de seus terapeutas e amigos.
Aplicações clínicas da Terapia CranioSacral
A TCS é bem conhecida por suas múltiplas aplicações e resultados positivos em milhares de casos como estes, de Mary Ellen e Onar. Através da facilitação e reforço dos mecanismos de auto-correção do corpo, a TCS comprovou ser útil como uma modalidade de tratamento primária ou complementar, para uma grande variedade de disfunções, desde insuficiência coronária até doença de Crohn.
O número de sessões necessário para obter resultados depende da complexidade das camadas adaptativas, mecanismos de defesa do paciente, e outros fatores. Após realizar uma avaliação manual inicial pode ser feita uma previsão. Em geral, se não há alteração na condição do paciente após cinco ou seis sessões, a TCS pode não ser eficaz para aquele indivíduo.
A seguir, apresento uma lista parcial de tipos de condições que tem apresentado resposta às aplicações clínicas da TCS. Enquanto as pesquisas conduzidas na MSU comprovaram a existência do sistema craniossacral e sua influência sobre a saúde e a doença, as informações a seguir estão baseadas primariamente em observações clínicas ao longo dos últimos 15 anos de prática da TCS. Embora estudos formais dos resultados não tenham sido realizados, milhares de pacientes nos relataram seus resultados. O que eu apresento aqui são observações de resultados claros e tendências.
Síndromes de dor crônica
Artrite – Degenerativa e Inflamatória
A TCS reforça o movimento do fluído, libera o tônus muscular e dessensibiliza os segmentos facilitados, o que contribui para o rejuvenescimento articular. Excelentes respostas foram relatadas, incluindo alguns resultados que apresentaram normalização dos exames sanguíneos.
Síndromes de cefaléia – Migrânea, Cefaléia tensional, Congestão de líquido, e Síndromes Hormonais
A TCS é excelente para identificar e tratar uma grande variedade de causas subjacentes às cefaléias. A imobilidade sutural parece ser um fator que contribui nas migrâneas para muito pacientes que nós vemos. A TCS é voltada para estes problemas, assim como para disfunções autonômicas e neuromusculoesqueléticas, que podem ser causa subjacente das síndromes de migrânea.
Síndromes Dolorosas – De todos os tipos, incluindo miofascial, neuromusculoesquelética e síndromes de dor radicular
Através de seus efeitos sobre o sistema nervoso autônomo a TCS dessensibiliza os segmentos facilitados e reforça a troca de fluídos ao longo do corpo, e efeitos psicoemocionais. A TCS também é direcionada para muitos dos fatores neuromusuloesqueléticos, miofasciais e psicoemocionais que podem servir como fatores que contribuem para dor lombar e cervical crônica.
Distrofia Simpático Reflexa (DSR)
A Distrofia Simpático Reflexa é uma condição dolorosa que acontece quando o sistema nervoso simpático perde o controle. A causa pode ser uma lesão, aprisionamento de um nervo, inflamação, intoxicação, ou qualquer circunstância que possa adicionar uma quantidade anormal de energia ao sistema nervoso simpático. Os tratamentos médicos conservadores, que em casos extremos incluem a amputação da área dolorosa, tem se mostrado bastante ineficazes. A minha idéia é que a chave para ajudar o paciente com DSR é descobrir e resolver a causa subjacente do excesso de energia. Mais uma vez, a TCS é adequada para encontrar e tratar as causas subjacentes da DSR, e consequentemente resolver a dor.
Disfunções vertebrais
Escolioses, instabilidades lombares (lombares e lombossacrais), compressões discais, complicações pós-operatórias e outras. Uma vez que a causa subjacente é descoberta, a TCS é eficaz em resolver os problemas biomecânicos, neurogênicos e do segmento facilitado.
Síndrome da articulação temporomandibular (ATM)
Este problema doloroso faz com que as articulações da mandíbula se tornem disfuncionais por várias razões. Surpreendentemente, o problema pode ter origem em uma restrição do sistema craniossacral, que causa um desequilíbrio entre o osso temporal de cada lado da cabeça. Outras causas incluem tensão nervosa causada por ranger de dentes e/ou apertamento dentário, lesão em chicote da coluna cervical, ou uma má-oclusão dentária. A TCS é altamente eficaz em localizar e aliviar os problemas subjacentes. É também altamente eficaz em mobilizar os ossos temporais.
Lesões traumáticas
Os praticantes de TCS tratam uma grande variedade de lesões traumáticas cerebrais e da medula espinhal, incluindo lesões sem fratura do crânio, lesões da medula espinhal, lesões em chicote e estiramento de outros ligamentos espinhais, e sequelas de lesões do sistema nervoso. O sucesso do tratamento varia, dependendo da extensão e gravidade da lesão. Eu geralmente obtenho bons resultados com pacientes que sofrem de apreensão após lesões no crânio, frequentemente descartando a necessidade de mais medicação. Embora um pequeno número de casos não responda à TCS, eu tenho tratado pacientes com ansiedade desde 1975 e ainda vejo uma reação adversa.
Tenho visto melhoras moderadas no movimento de membros paralisados devido a lesões cranianas. A melhora mais significativa geralmente aparece na área do intelecto e interação social. Tenho observado notáveis melhoras na visão, audição, olfato e gustação, e em disfunções autonômicas secundárias, tais como desequilíbrio, função cardiopulmonar, funcionamento intestinal, função sexual e outras condições relacionadas. Os resultados positivos provavelmente são devido aos efeitos da TCS sobre o sistema nervoso autônomo e sobre os segmentos medulares relacionados, assim como a sua capacidade de reduzir o stress e a ansiedade.
Doenças degenerativas do sistema nervoso central
Até poucos anos atrás se pensava que o líquido cerebroespinhal apenas banhava a superfície do cérebro. Tudo isto mudou com o uso de contrastes radioativos que fluem junto com o líquido. Foi observado que, quando contrastes são injetados no sistema ventricular do cérebro, eles se distribuem através da substância branca em minutos. Uma vez que este líquido carrega todo tipo de moléculas que facilitam a comunicação entre as células de diferentes sistemas, isto determina porque a melhora na circulação do líquido cerebroespinhal pode explicar o sucesso que temos observado utilizando a TCS para tratar doenças degenerativas como a doença de Parkinson.
Outra descoberta recente é a de que o líquido cerebroespinhal contém moléculas que se ligam a átomos metálicos que são depositados no cérebro. Estes átomos metálicos, então, são transportados e excretados pelo corpo em um processo chamado de “quelação”. Pensa-se que átomos de metais depositados no tecido cerebral sejam fatores que contribuem para tais como a doença de Alzheimer e a senilidade. Portanto, a melhora da circulação do líquido cerebroespinhal através da TCS pode ser considerada como uma terapia preventiva destas condições.
Temos obtido bons resultados melhorando o estado de alerta cerebral e a função cerebral em pacientes idosos que tinham dificuldade de se concentrar e reunir palavras. Eu acredito que são melhoras na circulação sanguínea, de líquido cerebroespinhal, e de líquido intersticial e intracelular, que ajudam a limpar os resíduos tóxicos acumulados nas células e tecidos cerebrais.
Problemas de insuficiência cerebrovascular
A TCS tem demonstrado ser eficaz tanto na prevenção como na recuperação após um acidente vascular cerebral, quando uma trombose ou uma insuficiência circulatória são o agente causador. Assim que a condição do paciente tenha estabilizado, após o AVC, e o risco de hemorragia tenha passado, a TCS pode ajudar de forma eficaz eliminando subprodutos tóxicos da deterioração das células sanguíneas, para ajudar a possibilitar uma recuperação mais rápida.
Reabilitação pós-operatória
A TCS é um excelente acréscimo a qualquer programa de reabilitação pós-operatória. Ela restaura o movimento dos fluídos corporais nas áreas traumatizadas pelos procedimentos cirúrgicos. Desta forma, aumenta o processo de cicatrização e retém o potencial para reduzir a formação de aderências e cicatrizes. A TCS também ajuda a remover a toxicidade tecidual das medicações anestésicas e para a dor.
Em 1973 e 1974 eu tratei vários pacientes neurológicos pós-cirúrgicos, logo no primeiro dia pós-cirurgia, com resultados muito bons. O neurocirurgião verificou que estes pacientes apresentaram um número menor de complicações, taxas menores de morbidade, e período de recuperação mais curto. Nós achamos que, em geral, quanto mais cedo a terapia for iniciada, melhor será a prevenção de complicações.
Disfunções cerebrais
Autismo
A TCS tem apresentado grandes esperanças nos casos de autismo, um complexo conjunto de sintomas de origem desconhecida. Enquanto ainda não estão claros precisamente quais mecanismos estão agindo, tanto na causa como na “cura” desta condição, tem-se notado que, após a TCS os pacientes geralmente infligem menos dor a si próprios, mostram mais atenção voltada a outras pessoas, e apresentam uma melhora no comportamento social.
Paralisia cerebral
Devido a que a TCS frequentemente em um efeito positivo sobre o sistema de controle motor, incluindo diminuição da espasticidade, conseguimos benefícios com a maioria dos pacientes com PC. Ocorrem, ocasionalmente, algumas melhoras notáveis, embora algumas vezes tenhamos pouca ou nenhuma melhora. De qualquer forma, esta condição merece pelo menos uma tentativa de 10 sessões, apesar de que a regra permanece verdadeira – quanto mais cedo tratarmos, geralmente os pacientes ficarão melhores. Se tratarmos um paciente como um adolescente, mesmo se corrigirmos o problema subjacente, os padrões nervosos necessários para o funcionamento adequado podem não estar presentes porque eles nunca tiveram uma chance de se formar.
Distúrbios de aprendizagem
Eu tenho tratado um grande número e uma grande variedade de crianças com distúrbios de aprendizagem. Na minha experiência, mais da metade destas crianças tem problemas no sistema craniossacral. Nestes casos, quando o problema no sistema craniossacral é resolvido, a criança tem mais de 90% de chances de superar suas dificuldades de aprendizagem, especialmente em casos como de dislexia e hipercinesia (hiperatividade). Muito frequentemente as incapacidades simplesmente desaparecem.
Problemas motores
Nós podemos, quase sempre, melhorar problemas motores e de fala através do uso da TCS. Mesmo em casos de problemas motores do olho, um praticante habilidoso pode dizer, em questão de minutos, se o problema é causado por uma tensão nas membranas através das quais passam os nervos que vão para os olhos. Quando este é o caso, especialmente em crianças, o problema é frequentemente corrigível, de forma permanente, em duas ou três sessões. Cirurgia para problemas como estrabismo convergente frequentemente podem ser evitadas. Os pacientes de TCS também tem relatado grande sucesso nos casos de disfunções olfatórias e vertigem, embora tenhamos visto sucesso apenas moderado com zumbido.
Desordens endócrinas
A maioria destes problemas, incluindo tensão pré-menstrual, disfunção da pituitária, problemas da glândula pineal, e problemas emocionais relacionados, frequentemente respondem favoravelmente à TCS. Ela aumenta a mobilização de fluídos e o equilíbrio autonômico, melhora o controle endócrino e alivia os sintomas neuromusculoesqueléticos e psicoemocionais. Liberando as mangas durais, que podem estar restringindo a saída de nervos para as glândulas adrenais, tireóide, baço, fígado, timo e glândulas reprodutivas, também tem sido muito útil nestes pacientes.
Outras condições
A coisa mais importante a lembrar sobre TCS é que ela é extremamente suave e frequentemente resolve as condições em um período de tempo mais curto que a maioria das outras abordagens. Simplesmente, a TCS quase sempre pode ajudar de alguma forma, mesmo que seja apenas aumentando a chance de sucesso a longo prazo de outras terapias empregadas.
Contra-indicações da Terapia CranioSacral
Mesmo nos casos mais críticos, a TCS tem uma ampla aplicabilidade quando utilizada em conjunto com programas de tratamento convencionais. Porém, há quatro contra-indicações para o uso da TCS:
1. Hemorragia intracraniana aguda. Afeta as membranas do sistema craniossacral e pode alterar significativamente a dinâmica da pressão dos fluídos intracranianos, que poderia interromper o tênue progresso de formação do coágulo e prolongar a duração da hemorragia.
2. Aneurisma intracraniano. Alterações da dinâmica da pressão de fluídos intracranianos poderia, potencialmente, precipitar um vazamento ou ruptura de um perigoso aneurisma intracraniano já existente.
3. Fratura craniana recente. Em casos de fratura recente do crânio a abordagem deve ser muito cuidadosa, para que não haja um aumento no movimento dos ossos cranianos que possa levar a sangramento ou um rompimento de membrana.
4. Herniação da medula oblonga. Uma herniação da medula oblonga através do forame magno é uma condição que ameaça a vida. Você não iria querer, de forma alguma, alterar a pressão de fluídos dentro do sistema craniossacral.
Aprendendo Terapia CranioSacral
O Instituto Upledger foi criado em 1985 para educar o público e os profissionais de saúde sobre o valor da Terapia CranioSacral. Estas técnicas foram ensinadas a mais de 50.000 terapeutas em 56 países diferentes*.
Atualmente, o Instituto continua dedicado a ensinar a TCS da forma como ela foi desenvolvida originalmente. Seu currículo oferece uma grade completa de workshops que totalizam mais de 500 horas de treinamento.
Além de fornecer uma fundamentação acadêmica sólida, o treinamento ajuda os terapeutas a desenvolver o senso de toque sutil, movimento, e percepção de energia, necessários para se tornar um praticante de TCS eficaz. O Instituto Upledger também oferece dois níveis de programas de certificação para ajudar a assegurar a qualidade das habilidades.
Por ter sido desenvolvida originalmente como uma modalidade complementar para profissionais da saúde, atualmente não há uma licença específica para praticar a TCS. Porém, graças ao rápido crescimento de sua prática e de sua aceitação, há projetos em andamento para a criação de um programa de licença profissional distinto e independente.
Perspectivas para o futuro
Ao longo da última década, os resultados clínicos positivos e o crescimento da aceitação pelo público em relação aos métodos de saúde complementares e integrativos causaram um aumento na demanda pela Terapia CranioSacral. A TCS continua a ser bem conhecida como um facilitador eficaz para o processo inerente de cura do qual todo ser humano é dotado.
Porém, seu grande valor pode ser visto bem cedo no ciclo da vida: na maternidade. A TCS parece ser um eficaz neutralizador para todos os tipos de traumas de parto e seus efeitos potenciais sobre o cérebro e a medula espinhal, incluindo as funções autonômicas, endócrinas e imunológicas. Há pesquisas que sugerem que o processo de parto em si pode ser responsável por inúmeras disfunções cerebrais e problemas do sistema nervoso central. A TCS, realizada desde o primeiro dia de vida, poderia reduzir potencialmente uma grande variedade de dificuldades, muitas das quais podem se tornar aparentes somente mais tarde, na vida.
A TCS também é vista como um método de integração do corpo, mente e espírito. Este foco na saúde integral pode resultar em uma significativa redução das doenças e melhora da qualidade de vida.
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Este blog tem a finalidade de publicar as terapias que realizo, atualizar infos sobre artigos de saúde e dar dicas interessantes aos meus seguidores. www.andreaconeglian.com.br
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